A Eslováquia, país pertencente à União Européia com população de cerca de 5,4 milhões de habitantes, decidiu recentemente por aplicar uma testagem em massa para COVID-19 em seus cidadãos numa tentativa de combater a crescente de casos no país sem que houvesse a necessidade de um lockdown mais rígido.

Durante um fim de semana, mais de 3,6 milhões de pessoas foram testadas (66% do total da população), e o resultado foi positivo para pouco mais de 1% dos testados. O teste não era obrigatório, mas todos os cidadãos que se recusassem a fazê-lo teriam que entrar em quarentena por 2 semanas, em conjunto com os que testaram positivo. Os que apresentaram resultado negativo receberam uma espécie de certificado que os permitia se movimentar livremente.

Alguns especialistas destacaram que, sozinha, esta ação não surtiria efeito, e principalmente apontaram o fato de serem testes de antígenos, que possuem uma acurácia muito menor (mais falsos positivos e falsos negativos) se comparamos como os testes de RT-PCR, que são moleculares padrão ouro, porém mais caros e com tempo de processamento muito superior.

A Eslováquia desenvolveu então uma segunda fase da testagem com foco nas cidades que possuíam uma taxa de infectados superior a 0,7%. Esta estratégia foi defendida por diversos profissionais do ramo com o argumento de que a testagem em massa deveria ser aplicada mesmo nestes tipos de caso, ou seja, em áreas com alta prevalência do vírus, por repetidas vezes, sendo esse o objetivo principal dos testes rápidos.

Sabemos que o vírus SARS-CoV-2 é transmissível antes mesmo que os sintomas apareçam, dificultando um pouco o chamado “test and trace”, uma vez que no momento que um caso sintomático é detectado e testado, ele pode já ter infectado diversos outros indivíduos. Por este motivo, a testagem em massa pode apresentar benefícios numa tentativa de prevenir um surto de maior magnitude, mas é fundamental que os testes sejam feitos frequentemente e de forma ágil.

Por outro lado, é possível que indivíduos testem positivo sem que necessariamente estejam no período infeccioso, causando um isolamento que poderia ser desnecessário. Apesar desta desvantagem, temos no momento uma enorme quantidade de casos com sintomas, por exemplo, que não estão sendo testados e nem sequer se isolando completamente. Estes casos sintomáticos possuem uma probabilidade ainda maior de serem infecciosos, reforçando a necessidade da testagem e de traçar os contatos prévios destes indivíduos.

Apesar de o Brasil ser um país imenso com grande diversidade de características e regionalidades, tendo em vista a forte tendência de crescimento de casos, internações e alta nos índices de contágio que temos observado, por que não tentar algo diferente? Será interessante acompanharmos os resultados desta tentativa realizada pela Eslováquia e avaliar seu impacto direto nos números da pandemia atual para colocar ou não mais uma opção em nosso radar enquanto o plano de vacinação é implementado.